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  • NOVA REGLETE PARA ESCRITA BRAILLE

    14/01/2007 por Marcia

    Em 1827, o francês Louis Braille, cego desde os três anos, aprimorou códigos desenvolvidos por um capitão de artilharia e os publicou, criando o sistema de leitura para deficientes visuais que se tornaria padrão de alfatetização. No Método Braille, cada caracter é constituído por até seis saliências que o cego detecta através do tato.

    Para a escrita manual, são utilizados três instrumentos: prende-se a folha em uma prancheta e os espaços dos furos feitos por uma agulha são definidos pela reglete - uma espécie de régua com buracos pelos quais o papel é demarcado, formando as letras. O problema está na ordem da escrita: as marcações têm de ser feitas no verso da folha e da esquerda para direita, para que o texto seja lido na ordem tradicional, da esquerda para direita.

    Esse esquema pode ser profundamente alterado com um projeto desenvolvido na Unesp de Rio Claro, interior de São Paulo. A TECE (Tecnologia e Ciência Educacional, gerada na Incubadora de Base Tecnológica de Rio Claro) criou o protótipo de uma caneta e uma reglete que subverteriam as ferramentas tradicionais. Com o novo projeto, a reglete não teria espaços, mas relevos. A agulha seria substituída por uma punção semelhante a uma caneta com ponta vazada. Assim, a folha seria posicionada por cima da reglete e os relevos seriam demarcados com a pressão exercida pela punção sobre as "bolinhas" da régua. A mudança? Inversão no processo de escrita, que não mais seria feita no verso da folha. As frases se construiriam na mesma ordem que a de leitura - da esquerda para a direita.

    A educadora Marly Milanese, deficiente visual que alfabetiza, em braille, pessoas que perderam a visão na idade adulta, afirma que quem está acostumado com a reglete tradicional vai conseguir se adaptar. "É possível que se confunda um pouco, mas só no início". Ainda mais porque existem as máquinas de escrever adaptadas, nas quais a ordem de escrita e leitura é a mesma para o cego. "Com o novo método, o cego já pensa na leitura, faz a letra na posição que vai ler. A maior vantagem vai ser para quem está se iniciando na alfabetização", completa Marly.

    O protótipo feito pela TECE é fruto das discussões de um grupo que trabalhava com formação de professores para cegos. A partir de então, algumas pessoas se reuniram para pensar produtos que atendessem às demandas de deficientes visuais.

    Dois projetos se concretizaram: um conta-gotas sonoro, desenvolvido por Deyse Piedade Munhoz Lopes, do departamento de Física da universidade, e o protótipo da reglete. A TECE aguarda financiamentos para conceber uma versão final que possa ser testada por voluntários e, depois, oferecida a empresas interessadas na sua produção.

    www.rc.unesp.br/incunesp/ - Incubadora da Unesp

    Contribuição, via e-mail, por Antonio Gilberto Kornalewski.