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  • Panorâma do Estudo Bíblico "os 500 Anos da Reforma"

    11/07/2017 por

    DESPERTAR PROTESTANTE

    No século XVI, diversas questões contribuíram para a fragmentação da nova cosmovisão europeia: (1) Descobertas de terras além-mar; (2) visão política, a liderança dos grupos étnicos europeus buscava autonomia e independência governamental, portanto, rebelaram-se contra o modelo centralizador do Sacro Império Romano; (3) troca de sistema econômico, do feudal para o mercantil; (4) mudança na estrutura social , os camponeses e artesões clamavam por ascensão social; (5) releitura dos clássicos greco-romanos pelo acadêmicos levou a consequente rejeição da interpretação católica romana, deste modo, um auxílio fundamental ao surgimento do humanismo e, (6) o advento da reforma protestante abalou a hegemonia da estrutura religiosa vigente.

    Por que aconteceu a REFORMA?

    Alguns fatores tornaram inevitável a Reforma. Entre muitos, podemos destacar: A relutância da Igreja Católica Romana medieval em aceitar as mudanças sugeridas por reformadores sinceros como os místicos Wycliffe e Huss, os lideres dos concílios reformadores e os humanistas; o surgimento das nações-estado, que se opuseram ao poderio universal do papa e a formação da classe média, que se revoltou contra a remessa de reservas para Roma. Com os olhos presos ao passado, tanto clássico quanto pagão, e indiferente às forças dinâmicas que estavam formando uma nova sociedade, a sociedade italiana, da qual o papado fazia parte, adotou uma forma de vida corrupta, sensual e imoral, embora culta e refinada.

    REFORMA

    Termo geral para designar o período de profundas mudanças eclesiásticas e teológicas no cristianismo ocidental com raízes no século XVI, mas estendendo-se até o século XVII. A Reforma refere-se mais especificamente ao rompimento com a igreja Católica Romana efetuado no século XVI por homens notáveis como Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio e João Calvino. Eles protestaram contra o que consideravam ser a decadência geral da Igreja Romana e o afastamento dela em relação ao que para eles era a fé dos apóstolos e dos pais da igreja primitiva.

    MARTINHO LUTERO (1483-1546) A quem se deve o início da Reforma na Alemanha. A “experiência da torre” que Lutero teve convenceu-o de que a essência do evangelho é o fato de a justificação se dar somente pelo dom da graça de Deus recebido por fé (SOLA FIDE; SOLA GRATIA). De acordo com Lutero, Deus declara o pecador justo por intermédio da morte de Jesus e não por meio de obras ou méritos humanos. A fé engloba a confiança e a aceitação do dom divino da SALVAÇÃO por meio de dos “méritos” de Cristo.

    SALVAÇÃO Termo amplo referente à atividade de Deus a favor da criação e sobretudo da humanidade encaminhando todas as coisas de acordo com os propósitos divinos. Mais especificamente, a salvação implica a ação operada por Deus de, por meio da obra de Jesus Cristo, libertar o ser humano do poder e dos efeitos do pecado e da QUEDA, de maneira que a criação em geral e o ser humano em particular possam desfrutar da plenitude da vida projetada por Deus.

    ULRICO ZUÍNGLIO (1484-1531). Líder da Reforma Suíça, muitas vezes denominado, junto com Lutero e Calvino um dos mais influentes reformadores protestantes. Estritamente comprometido com o texto bíblico, Zuínglio rejeitou a posição de Lutero da CONSUBSTANCIAÇÃO em relação à presença de Cristo na Eucaristia argumentando e defendendo uma visão memorialista. Zuínglio inspirou o início do movimento anabatista, mas posteriormente se afastou dele.

    CONSUBSTANCIAÇÃO Teoria sobre a Ceia do Senhor mais intimamente associada à tradição luterana. Martinho Lutero ensinava que o corpo e o sangue do Senhor estão presentes “em, com e sob” o pão e o vinho. Esse ensino contrapunha-se à ideia católica romana da transubstanciação, segundo a qual o pão e o vinho se transformavam no verdadeiro corpo e sangue de Cristo depois de consagrados pelo sacerdote oficiante.

    CALVINISMO, JOÃO CALVINO Sistema teológico originado na obra de João Calvino, um dos grandes teólogos e estudiosos da Reforma (1509-1564). No cerne do pensamento de Calvino, sobretudo como se vê em suas Institutas da religião cristã, está a soberania de Deus. O calvinismo tornou-se o desenvolvimento do pensamento de Calvino com base nas Institutas. O Sínodo de Dort (1618-1619) estabeleceu os princípios mais importantes do calvinismo. São eles: DEPRAVAÇÃO total, ELEIÇÃO INCONDICIONAL, EXPIAÇÃO LIMITADA, GRAÇA IRRESSISTÍVEL e PERSEVERANÇA DOS SANTOS. V. tb. ARMINIANISMO, ARMÍNIO.

    Biografia Martinho Lutero Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505). Seu pai, um aldeão bem sucedido pertencente a classe média, queria que fosse advogado. Tendo iniciado seus estudos, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. É um fato estranho na sua vida, segundo seus biógrafos. Alguns historiadores dizem que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Foi consagrado padre em 1507. Entre 1508 e 1512, fez preleções de filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia. Fazia conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia paulina o influenciou, percebendo os erros que a Igreja Romana ensinava, à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo. Lutero era homem de envergadura intelectual e habilidades pessoais. Em 1515, foi nomeado vigário, responsável por onze mosteiros. Viu-se envolvido em controvérsias com respeito a venda de indulgências. Suas Lutas Pessoais. Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações. Seus estudos paulinos deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Romanos 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma. Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, fortemente influenciado pela teologia desta ordem monástica, paulina quanto aos seus pontos de vista, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé. Esta nova fé tornou-se o ponto fundamental de sua preleções. No seu desenvolvimento começou a criticar o domínio da filosofia tomista sobre a teologia romana. Ele estudava os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Staupitz, orientou-o para que estudasse os místicos, em cujos escritos se consolou. Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel. As Noventa e Cinco Teses. Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgências, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal. João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano. Em 1518. Lutero escreveu "Resolutiones", defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Entretanto, o livro não alterou o ponto de vista papal a respeito de Lutero. Muitas pessoas influentes se declararam favoráveis a Martinho Lutero, tornando-se este então polemista popular e bem sucedido. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias. Reação Papal. A 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519. A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Em sua obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, por ocasião da missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor. Lutero obteve grande popularidade entre o povo, e também considerável influência no clero. Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública. Lutero compareceu a Dieta de Worms, de 17 a 19 de abril de 1521. Recusou-se a retratação, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada. Influência Política e Social Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses. Teve tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros, a Bíblia inteira foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Finalmente, essa tradução unificou os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão. Tem-se dito que Lutero foi o verdadeiro líder da Alemanha, de 1521 até 1525. Houve a Guerra dos Aldeões em 1525, das classes pobres contra os seus líderes. Lutero tentou estancar o derramamento de sangue, mas, quando os aldeões se recusaram a ouvi-lo, ele apelou para os príncipes a fim de restabelecerem a paz e a ordem. Fato notável foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre, ex-freira cisterciana. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana. Houve controvérsia entre Lutero e Erasmo de Roterdã, que nunca deixou a Igreja Romana, por causa do livre-arbítrio defendido por este. Apesar de admitir que o livre-arbítrio é uma realidade quanto a coisas triviais, Lutero negava que fosse eficaz no tocante à salvação da alma.