Estudo dos 500 Anos da Reforma Protestante - Sola Scriptura
08/10/2017 porSOLA SCRIPTURA O século XVI foi palco inaugural da chegada do novo tempo. Diversas questões contribuíram para a fragmentação da nova cosmovisão (COSMOVISÃO substantivo feminino maneira subjetiva de ver e entender o mundo, esp. as relações humanas e os papéis dos indivíduos e o seu próprio na sociedade, assim como as respostas a questões filosóficas básicas, como a finalidade da existência humana, a existência de vida após a morte etc.; visão de mundo.) europeia: (1) Descobertas de terras além-mar; (2) visão política, a liderança dos grupos étnicos europeus buscava autonomia e independência governamental, portanto, rebelaram-se contra o modelo centralizador do Sacro Império Romano; (3) troca de sistema econômico, do feudal para o mercantil; (4) mudança na estrutura social , os camponeses e artesões clamavam por ascensão social; (5) releitura dos clássicos greco-romanos pelo acadêmicos levou a consequente rejeição da interpretação católica romana, deste modo, um auxílio fundamental ao surgimento do humanismo e, (6) o advento da reforma protestante abalou a hegemonia da estrutura religiosa vigente. Por que aconteceu a REFORMA? Alguns fatores tornaram inevitável a Reforma. Entre muitos, podemos destacar: A relutância da Igreja Católica Romana medieval em aceitar as mudanças sugeridas por reformadores sinceros como os místicos Wycliffe e Huss, os lideres dos concílios reformadores e os humanistas; o surgimento das nações-estado, que se opuseram ao poderio universal do papa e a formação da classe média, que se revoltou contra a remessa de reservas para Roma. Com os olhos presos ao passado, tanto clássico quanto pagão, e indiferente às forças dinâmicas que estavam formando uma nova sociedade, a sociedade italiana, da qual o papado fazia parte, adotou uma forma de vida corrupta, sensual e imoral, embora culta e refinada.
REFORMA Termo geral para designar o período de profundas mudanças eclesiásticas e teológicas no cristianismo ocidental com raízes no século XVI, mas estendendo-se até o século XVII. A Reforma refere-se mais especificamente ao rompimento com a igreja Católica Romana efetuado no século XVI por homens notáveis como Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio e João Calvino. Eles protestaram contra o que consideravam ser a decadência geral da Igreja Romana e o afastamento dela em relação ao que para eles era a fé dos apóstolos e dos pais da igreja primitiva. ULRICO ZUÍNGLIO (1484-1531). Líder da Reforma Suíça, muitas vezes denominado, junto com Lutero e Calvino um dos mais influentes reformadores protestantes. Estritamente comprometido com o texto bíblico, Zuínglio rejeitou a posição de Lutero da CONSUBSTANCIAÇÃO em relação à presença de Cristo na Eucaristia argumentando e defendendo uma visão memorialista. Zuínglio inspirou o início do movimento anabatista, mas posteriormente se afastou dele. CONSUBSTANCIAÇÃO Teoria sobre a Ceia do Senhor mais intimamente associada à tradição luterana. Martinho Lutero ensinava que o corpo e o sangue do Senhor estão presentes “em, com e sob” o pão e o vinho. Esse ensino contrapunha-se à ideia católica romana da transubstanciação, segundo a qual o pão e o vinho se transformavam no verdadeiro corpo e sangue de Cristo depois de consagrados pelo sacerdote oficiante. CALVINISMO, JOÃO CALVINO Sistema teológico originado na obra de João Calvino, um dos grandes teólogos e estudiosos da Reforma (1509-1564). No cerne do pensamento de Calvino, sobretudo como se vê em suas Institutas da religião cristã, está a soberania de Deus. O calvinismo tornou-se o desenvolvimento do pensamento de Calvino com base nas Institutas. O Sínodo de Dort (1618-1619) estabeleceu os princípios mais importantes do calvinismo. São eles: DEPRAVAÇÃO total, ELEIÇÃO INCONDICIONAL, EXPIAÇÃO LIMITADA, GRAÇA IRRESSISTÍVEL e PERSEVERANÇA DOS SANTOS. V. tb. ARMINIANISMO, ARMÍNIO. BIOGRAFIA DE MARTINHO LUTERO O nome de Martim Lutero (1483-1546) é sinônimo para Reforma da Igreja, desencadeada em 31 de outubro de 1517 e que jamais teria acontecido não fosse a participação desse teólogo da Universidade de Wittenberg, Alemanha. A Reforma iniciou com as 95 Teses e, na historiografia, é vista muitas vezes como o início da Idade Moderna. Ligada a ela de forma inseparável, iniciada já anteriormente, e companheira constante dos acontecimentos na Alemanha, desenrola-se a Renascença na Europa, carregada pelas ideias de cabeças como Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Erasmo de Roterdão, Filipe Melanchthon, Giordano Bruno, Johannes Keppler e Galileu Galilei.
O caminho de Martim Lutero, na verdade, já havia sido traçado pela decisão de seu pai, Hans Luder, segundo o qual o menino, dotado de uma inteligência acima da média, deveria posteriormente estudar Direito. Todavia, evidenciou-se que o Pai celeste de Lutero tinha outros planos para seu filho, que diferiam dos planos de seu pai terreno. No início, porém, tudo seguiu seu curso natural. Entre 1488 e 1501, Martim frequentou as escolas de Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach, como também o subsequente Estudo das Artes Livres (artes liberales) em Erfurt, até 1505, tudo ainda conforme os desejos de seu pai. E mesmo o estudo de Direito, que Lutero iniciara em Erfurt, seguia conforme o planejado, até que, em meio a um violento temporal no dia 2 de junho de 1505, quando retornava das férias que passara na casa dos pais, um raio caiu perto do estudante de 21 anos. A promessa “Ajuda-me, Santa Ana, e serei monge”, feita em meio a um terrível medo diante da morte, Lutero pagou quinze dias depois, tornando-se noviço no convento dos eremitas agostinianos em Erfurt. No dia 2 de maio de 1507, o Irmão Martim recebeu a ordenação sacerdotal na Catedral de Erfurt e, em seguida (!), iniciou o estudo de Teologia, ao qual deu continuidade em Wittenberg nos anos de 1508/09, sendo que, em 1509, recebeu o título de Doutor em Teologia (doctor theologiae). Durante os anos 1510/11, Lutero foi enviado a Roma para tratar de assuntos de sua Ordem, tempo esse que ele também aproveitou para usufruir das ricas ofertas da graça (veneração aos santos, cartas de indulgência) à disposição na Cidade Santa, obviamente sem deixar de perceber as barbaridades embutidas nas mesmas. Somente depois dessa viagem a Roma é que se formou no Dr. Martinus um posicionamento crítico em relação à prática eclesiástica papal (principalmente no que tange ao comércio das indulgências) e, finalmente, uma nova concepção de Deus. Em suas preleções sobre a Escritura Sagrada, ele transportou Jesus Cristo para o centro da fé e chegou, assim, a uma nova compreensão do relacionamento entre Deus e os seres humanos. Durante muitos anos, ele foi atormentado pela questão referente à justiça de Deus. Naquilo que ficou conhecido como “experiência na torre”, Lutero, em 1513, durante o estudo da Carta aos Romanos (Rm 1.16s) na cela que ocupava no mosteiro em Wittenberg, confrontou-se com a real percepção reformatória: “Se devemos viver como justos a partir da fé e se a justiça de Deus conduz à salvação todo aquele que crê, então a salvação não é mérito nosso, mas é a misericórdia de Deus. Assim, meu espírito recobrou o ânimo, pois a justiça de Deus consiste em que somos justificados e salvos por meio de Cristo”.
Perante Deus, pois, o ser humano não obtém justiça por obras próprias, mas somente a fé do ser humano no Deus misericordioso, do ser humano consciente de seu pecado, somente essa fé o torna justo perante Deus. Esse novo entendimento na teologia de Lutero clamava por ser colocado em prática, tal como aconteceu no dia 31 de outubro de 1517, quando suas teses se tornaram públicas em Wittenberg. Mas o que fora idealizado como discussão corretiva das deformações papistas e para o “restabelecimento da Igreja Católica desde a cabeça até os membros” alastrou-se entre as multidões e desencadeou imediatamente os acontecimentos transformadores do mundo, proporcionados pela Reforma na Alemanha. Com isso Lutero forjou o elo decisivo de uma corrente que une pessoas em todo o mundo até os dias de hoje. Pois sem Lutero não haveria a Reforma, nem protestantismo, nem igrejas evangélicas. Igualmente tudo isso ostenta, de forma inconfundível, a caligrafia de Lutero, a exemplo de sua criativa obra-prima: a tradução do Novo Testamento do grego para o alemão, concluída em apenas dez semanas, feita durante o período de sua “detenção preventiva” em 11521/22 no castelo de Wartburg. Temos também aqui novamente um estopim luterano, seguido de uma reação em cadeia: por intermédio de sua tradução da Bíblia (o Antigo Testamento foi traduzido por ele entre os anos de 1523 e 1534) pôde formar-se um idioma alemão uniforme e erudito, que contribuiu diretamente para a sedimentação do sentimento de unidade cultural e econômica de uma nação alemã. Por isso o poeta, filósofo e teólogo alemão Johann Gottfried von Herder afirmou que Martim Lutero era merecedor do título “Mestre da nação alemã, sim, como correformador de toda a Europa, agora iluminada”. E Johann Wolfgang von Goethe declarou: “Os alemães só se tornaram um povo por intermédio de Lutero”. SOLA SCRIPTURA Expressão latina que significa “Escrituras somente”. Principio luterano da REFORMA segundo o qual somente as Escrituras – e nãos as Escrituras mais a tradição da igreja – são a fonte da revelação cristã. Por conseguinte, a Bíblia deve governar como Palavra de Deus na igreja, não sendo atrapalhada pelo MAGISTÉRIO (DOGMA) papal e eclesiástico, nem rivalizada pelas supostas revelações adicionais que surgem da tradição.
2 Timóteo 3.14-17: 14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 3.14. Em todas as ocasiões, Timóteo é lembrado a permanecer firme nos ensinamentos da Palavra de Deus. Essa deve ser a grande fonte inspiradora no dia em que a falsa doutrina proliferar por todos os lados. Por conhecer as Escrituras e obedecer-lhes, ele não pode ser levado por esses enganos sutis. Timóteo não tinha apenas aprendido as grandes verdades da fé, como também se inteirado delas. Sem dúvida, diriam a ele que tais ensinamentos são antiquados e de pouco conteúdo cultural ou intelectual. Mas ele não deveria trocar a verdade pelas teorias e especulações humanas. O apóstolo, em seguida, o aconselha a se lembrar de quem ele tinha aprendido essas verdades. Há diferentes opiniões sobre se a palavra de quem se refere ao próprio Paulo, à mãe e avó de Timóteo ou aos apóstolos em geral. De qualquer modo, a ideia é que as Sagradas Escrituras foram ensinadas a ele por pessoas cuja vida testemunhou uma realidade de fé. Eram pessoas piedosas, com os olhos voltados para a glória de Deus.
3.15. Este é um versículo muito sugestivo. Ele transmite a ideia de que desde a infância Timóteo conhecia as sagradas letras e também de que, quando sua mãe lhe ensinou a ler, ela o fez usando as sagradas letras do AT. Desde a infância, ele estava sob a influência dos textos bíblicos, e em nenhuma circunstância deveria se esquecer daquele livro abençoado que tinha, para sempre, moldado sua vida para Deus. As sagradas letras são capazes de fazer, continuamente, o homem sábio para a salvação. Isso significa, antes de tudo, que os homens aprenderam o caminho da salvação por meio da Bíblia, e que a segurança da salvação vem mediante a Palavra de Deus. A salvação se dá pela fé que há em Cristo Jesus. Devemos frisar isso muito bem. Não é por meio de boas obras, do batismo, da adesão à igreja, da confirmação da obediência aos dez mandamentos, da obediência “ao preceito áureo” outra qualquer outra forma que envolva esforço ou mérito humano. A salvação é pela fé no filho de Deus.
Textos para meditação: Rm 15.1-4 – Escrito para o nosso ensino Lc 16.19-31 – Ouçam Moisés e os profetas Mt 5.17-20 – Até que tudo se cumpra At 17.10-11 – A nobreza dos bereanos Gl 1.10-17 – O evangelho de Paulo Jo 5.39 – A Escritura testemunha de Jesus 2Pe 1.20-21 – Da parte de Deus
Compilado por Carlos Pires em 01/06/2017.